Além de suas qualidades óbvias, como poder de finalização e precisão no passe, um outro fator que me chama muita atenção no jogo de Cole Palmer é sua inteligência tática. Esse atributo muitas vezes é subestimado, mas é fundamental para o sucesso de qualquer jogador de alto nível. 

Palmer não apenas lê o jogo como poucos, mas também se posiciona de forma estratégica para aproveitar as oportunidades que aparecem — ou até mesmo para criá-las.

Na vitória frente ao Aston Villa por 3 a 0 pela 13ª rodada, um pequeno (e importantíssimo) detalhe me chamou a atenção no terceiro gol da noite, marcado pelo meia inglês. 

Esse momento não foi apenas um exemplo de técnica apurada, mas também de como o entendimento do jogo pode ser decisivo para transformar uma situação aparentemente comum em algo especial. Vamos discorrer sobre isso nos parágrafos a seguir.

O lance começa com uma cobrança de falta da equipe londrina, que, à primeira vista, dava sinais claros de que resultaria em um cruzamento para a área. Isso fica evidente pelo posicionamento dos zagueiros do Chelsea, que foram ao ataque, e também pela presença de dois batedores próximos à bola: um canhoto, Cole Palmer, e um destro, Enzo Fernández. 

Pela posição do campo e postura dos jogadores, a cena sugeria uma jogada aérea tradicional, algo que a maioria espera em situações como esta.

Porém, contrariando as expectativas, Enzo Fernández opta por uma batida curta, dando início a uma jogada claramente ensaiada. O argentino toca a bola para Madueke, posicionado aberto pela direita, em um confronto direto com o lateral-esquerdo Lucas Digne. 

Esse movimento aparentemente simples seria o estopim para a sequência brilhante que ainda estaria por vir.

Assim que Madueke recebe o passe, Enzo faz uma ultrapassagem pelas costas, oferecendo uma opção de passe na linha de fundo. Essa movimentação poderia levar a um cruzamento perigoso, mas serviu como chamariz para que a ação ocorresse em outro setor do campo. 

Enquanto tudo isso acontecia, algo peculiar chamava a atenção: Cole Palmer permaneceu imóvel, mantendo-se exatamente no mesmo ponto onde estava quando a falta foi cobrada. Por mais que pareça uma falta de atenção, esse movimento é premeditado, para que caso a jogada não evolua pelo lado do campo, o Chelsea tenha uma linha de passe “segura” caso seja necessário.

Mais a frente, nota-se que cada um dos três jogadores diretamente envolvidos na cobrança de falta — Palmer, Enzo e Madueke — tinham um marcador adversário próximo, algo que, em teoria, dificultaria o avanço ofensivo do Chelsea.

É exatamente nesse contexto que a inteligência tática de Cole Palmer brilha. Ao perceber que a distância do marcador poderia ser usada a seu favor, ele decide se movimentar, mas não de forma óbvia. 

Em vez de avançar diretamente em direção ao setor da bola e seu companheiro com posse, Palmer faz algo que a maioria dos jogadores não fariam: ele se posiciona no ponto cego do adversário, um espaço onde o marcador perde completamente a noção de sua movimentação.

Essa decisão acaba sendo crucial. Ao se colocar neste ponto cego, Palmer cria uma linha de passe na zona mais perigosa do campo — o funil central da área, onde os defensores ficam mais vulneráveis a correr riscos gerando uma falta frontal e os goleiros têm menos tempo para reagir em caso de finalização. 

Quando Madueke finalmente faz o passe, Palmer já está na posição perfeita para receber a bola e finalizar. A partir daí, entra em cena a capacidade técnica que já conhecemos do jovem jogador de 22 anos. 

Com um único movimento, ele tira o zagueiro da jogada, deixando-o fora de posição, e finaliza com um chute colocado no ângulo de Emiliano Martínez. O ótimo goleiro argentino, só pôde observar a bola estufar as redes do Aston Villa, selando mais uma ótima vitória da equipe e atuação individual de Palmer, no qual foi considerado o “Man of the Match”.

Cole Palmer pode ser um dos melhores de sua geração?

Por situações aparentemente simples, mas que na verdade são complexas como essa, acredito que Cole Palmer tem tudo para se tornar um dos grandes nomes de sua geração. Sua inteligência tática, visão de jogo e capacidade de decisão em momentos críticos são qualidades raras, especialmente em jogadores jovens. 

Outro ponto que destaco é sua ambição em ser protagonista, provada após sua saída precoce do Manchester City, onde poderia manter-se na comodidade de ser “mais um” no City de Guardiola. Porém, o inglês preferiu abraçar um novo desafio (e que desafio!) e mudar-se para Londres.

Convenhamos, o Chelsea é um grandíssimo clube, mas passa pelo seu pior momento desde que tornou–se um milionário do futebol, sendo considerado um clube instável, tanto em resultados como em sua gestão.

Se você também acredita que Cole Palmer pode alcançar o mais alto nível no futebol, fique atento a seus próximos passos. Curtiu esta análise? Não deixe de acessar outros conteúdos como este em nosso site e visitar nossas redes sociais. Aqui o futebol é no detalhe!