Muito se fala por aí sobre o Barcelona de Hans Flick, o Arsenal de Arteta, o PSG de Luis Enrique… mas pouca gente tem dedicado tempo para analisar uma das equipes mais consistentes taticamente da Europa: a Internazionale de Simone Inzaghi. 

Finalista em 22/23 e novamente semifinalista nesta edição da Champions League, a Inter mostra que não precisa dos holofotes para apresentar um futebol altamente competitivo e eficiente.

Uma defesa sólida e bem coordenada

Começando pelos números: são apenas 5 gols sofridos em 12 jogos na Champions League — uma média de 0,42 por jogo. É o melhor desempenho defensivo entre os semifinalistas. E isso não é coincidência.

Taticamente, a Inter se defende com uma marcação em bloco baixo, onde os dez jogadores se desdobram na marcação de forma ordenada. Um detalhe interessante: mesmo quando há espaços aparentes, como em jogadas de transição do adversário, a equipe se fecha muito rápido, com laterais (ou alas, no 3-5-2) lendo bem os lances. 

Além disso, a Inter tem uma estratégia clara quando está à frente do placar: convida o adversário a cruzar. Ela fecha o “funil” central e força o rival a buscar jogadas aéreas, onde normalmente tem superioridade numérica e física. Uma armadilha que funcionou especialmente bem contra o Bayern de Munique.

Transição ofensiva letal

Se na defesa o time é disciplinado, no ataque é cirúrgico. A Inter tem menos de 50% de posse na Champions (49,75%), mas isso não a impede de controlar o jogo. 

O dado mais revelador é que, mesmo com posse reduzida, 60% dos seus gols são marcados em ataques posicionais. Além disso, a Inter também é fortíssima nas bolas paradas. Foram 27 gols na temporada, o que representa 31% do total. Contra o Bayern, foram dois gols decisivos para a qualificação à semifinal.

Quando recupera a posse, a Inter ataca com poucos passes. As transições ofensivas são rápidas, verticais e muitas vezes com bola longa. Há quem chame de chutão — mas, na Inter, esses lançamentos são claramente treinados.

No lance do primeiro gol contra o Bayern, por exemplo, a bola longa de Sommer encontra Thuram, que escora para Bastoni. Em seguida, o zagueiro (que se transforma em lateral) dá um passe preciso para Carlos Augusto, que cruza de letra para o gol — imagem 2: sequência da jogada do gol no contra-ataque.

Bastoni: o zagueiro moderno

Barella, Mkhitaryan, Çalhanoglu, Lautaro e Thuram. Todos estes são destaques óbvios desta equipe, porém é impossível não falar da Inter sem destacar Alessandro Bastoni. Pra mim, um dos melhores zagueiros da atualidade, é defensivamente firme, e com a bola, participa do ataque de forma ativa, sendo responsável por infiltrações e quebras de linha adversárias.

Eficiência ofensiva: poucos chutes, muitos gols

Outra estatística que chama a atenção: a Inter tem média de 8.09 finalizações por jogo, um número baixo se comparado com outros clubes, mas converte 25% dessas chances. Isso se traduz em um xG médio de 2.16 e uma incrível taxa de conversão de 2.02. 

Um dos segredos deste aproveitamento, é finalizar mais próximo do gol. Dos 19  marcados na Champions, 17 foram dentro da área. A Inter joga para criar poucas, mas boas oportunidades para marcar.

Conclusão

A Inter talvez não tenha os nomes mais midiáticos da Europa, e sequer é favorita diante do Barcelona, mas é — provavelmente — o time mais equilibrado taticamente entre os semifinalistas. 

Apesar disso, eu gostaria muito de ver este bom trabalho traduzido em um título da Champions após 15 anos da última conquista. 

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