Uma das coisas que mais me agrada em Carlo Ancelotti, é o fato do treinador italiano saber exatamente como extrair o melhor de seus jogadores. Por mais que de certa forma, isso pareça o mínimo em que um técnico precisa fazer, poucos têm a inteligência que ele possui pra fazer isso. Não à toa, Vini Jr e Rodrygo cresceram muito no Real Madrid sob a sua batuta.
E este post, apesar de não ser especificamente sobre o comandante, merece uma menção honrosa neste aspecto, já que o que falaremos a seguir tem muito mérito dele também.
O Real é um time muito imprevisível, principalmente no aspecto ofensivo, onde costuma variar suas formas de atacar. Porém, há algum tempo venho percebendo que a ligação direta vem ganhando cada vez mais espaço no jogo deles, sendo inclusive muito efetiva pra quebrar linhas de forma rápida, até mesmo quando a postura dos adversários é defender em bloco baixo. Vamos destrinchar este tipo de ataque:
Os lançadores
Geralmente, uma equipe costuma ter um ou até dois especialistas nas bolas longas, mas no Real a qualidade é tanta, que praticamente em todo o pé que a bola cai no campo de defesa, a chance desta jogada ser bem sucedida é grande. Rudiger, Militão, Tchouaméni, Camavinga, Valverde, enfim, a lista é extensa.
Isso acaba gerando um desconforto nos rivais, no qual são cientes de que se houver espaço para o portador da bola, terão que ficar bastante atentos aos lançamentos nas costas.
Os alvos
Na minha opinião, no futebol atual não há um ataque mais rápido e mais móvel do que o do Real Madrid, que é composto por Vini, Bellingham, Rodygo e Mbappé. Destes, o menos veloz é o meia inglês, porém ele acaba compensando e muito com sua inteligência e posicionamento.
A velocidade e a movimentação destes jogadores, complementa a capacidade dos atletas que fazem os lançamentos, fazendo a dobradinha perfeita tipo “arco e flecha”, para que a jogada seja bem executada.
Exemplos da jogada
Neste exemplo, podemos observar na primeira imagem o que citamos anteriormente sobre o espaço no portador da bola. Veja que apesar de ter três adversários à frente, nenhum deles salta para efetuar uma pressão que atrapalharia a execução do movimento.
Agora, veja como Mbappé e Vini buscam posicionar-se no limite do impedimento para gerar a opção. Especificamente neste lance, o francês cometeu um erro e provavelmente teria sido pego em irregularidade, mas o alvo do lançamento não era ele.
Por fim, Militão mira Vini, que com muita velocidade, consegue receber o passe longo na linha de fundo, gerando a oportunidade de pisar na área em poucos segundos, ocasionando o escanteio a favor do Real Madrid.

No jogo frente ao Mallorca pelas semis da Supercopa, vimos novamente esta jogada encontrando o alvo, desta vez de uma forma até mais perigosa, onde Valverde claramente observa a movimentação de Mbappé, que desta vez se posiciona exatamente entre as linhas dos adversários pelo centro do campo e por um detalhe de finalização, acaba errando a mira na finalização.

No mesmo jogo e agora em uma dinâmica diferente, os protagonistas da jogada são Tchouaméni e Rodrygo. Um breve parênteses por aqui: torci o nariz quando comecei a ver o francês escalado com frequência fora de sua posição, mesmo entendendo que o motivo eram as lesões de Alaba e Militão. Mas como o velho Ancelotti não dá ponto sem nó, essa adaptação, claramente rendeu ao Real uma saída de bola ainda mais qualificada.
Voltando ao lance, percebam a inteligência de Rodrygo para atrair Juan Mojica a pressionar próximo a linha lateral e consequentemente, gerar um enorme latifúndio nas suas costas. Vale o destaque para Tchouaméni novamente, que mesmo pressionado por Cyle Larin, consegue o lançamento perfeito. Se não fosse a boa perseguição do zagueiro pelo centro, Mbappé teria marcado.

Pra fechar, faltava um gol desta forma né? Por isso, trouxe este exemplo com a Atalanta. Curiosamente, quem efetua o lançamento é Vini Jr, mostrando que mesmo sendo a flecha, também pode ser o arco. Só o simples fato do brasileiro recuar, faz com que os espaços ofensivos sejam ampliados, fazendo com que Bellingham fique no “mano a mano” com Marten De Roon.
E como disse anteriormente, o inglês de 21 anos não tem a velocidade de seus companheiros de ataque, mas compensa com outros atributos. como posicionamento, a qualidade no 1x1 e a finalização certeira com a perna “ruim”, golaço que ilustra tudo que abordamos neste post!

É tudo treinado e planejado?
Caso ainda surjam os que digam “essa jogada não é treinada e sim uma situação de jogo”, eu trouxe dois exemplos de movimentos de jogo que provam o contrário.
Neste primeiro, é muito claro que ao ter o domínio da bola no início da construção, Rudiger busca visualmente notar os possíveis espaços para que a jogada seja executada, tal como Vini também se atenta ao mesmo, onde logo após isso, o camisa 7 já inicia uma corrida nas costas da defesa.
Por algum motivo, Rudiger não se sente seguro para fazer o lançamento, acena como um pedido de desculpas ao atacante e busca iniciar outra jogada com um passe curto.

De novo com Vini mas agora com Tchouaméni com a posse, o mesmo movimento é arquitetado. Atrai o adversário pra dentro e ataca as costas logo em seguida. Desta vez, o lançamento não sai por conta da boa presença na marcação feita por Lookman, que pressiona e tira o espaço do francês no momento da execução.

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